15.6.16

Delação: ‘Cunha já mandou avisar que, se cair, não cai sozinho’, diz jornalista

Imagem: ReproduçãoA aprovação do pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética ampliou o clima de cautela no Palácio do Planalto. Interlocutores do governo tentam reforçar o discurso de que o tema pertence ao Legislativo e não ao Executivo, mas admitem que há receio do “poder explosivo” do presidente afastado da Câmara. Segundo o colunista Helio Gurovitz do ‘G1′, muitos esperam com ansiedade uma possível delação de Eduardo Cunha, outros a temem mais que tudo. A delação seria uma consequência, depois da votação do Conselho de Ética que aprovou o relatório pedindo a cassação de seu mandato. “Cunha já mandou avisar que, se cair, não cai sozinho”, disse o jornalista.
No próximo dia 23, o STF poderá mandar prendê-lo, ao julgar o processo em que é réu. O eventual pedido de prisão e a cassação deverão ser ainda apreciados pelo plenário da Câmara. Há ainda alguns recursos e manobras protelatórias ao alcance de Cunha, mas há pouca dúvida de que o plenário está contra ele.
“Uma vez preso, quem Cunha poderia delatar? Tudo dependerá de sua mente calculista e maquiavélica. As provas apresentadas pelos procuradores nas denúncias revelam que ele era beneficiário e conhecia a fundo não apenas a corrupção na Petrobras. Esteve, segundo as provas, envolvido em obras da Olimpíada, estatais elétricas e empresas de telecomunicações, além de outros esquemas”, relatou Helio Gurovitz.
Gravações de conversas
Ainda segundo o jornalista, as gravações e a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado deixaram claro que Renan, Jucá e Sarney participaram, em diferentes graus, de uma trama para tentar deter a Lava Jato. Machado também afirmou ter destinado aos três R$ 72 milhões em propinas do petrolão. Os fatos são inequívocos.
Porém, o ministro Teori Zavascki negou o pedido feito pelo procurador Geral da República Rodrigo Janot para prender os parlamentares envolvidos nas gravações.
Na análise do jornalista Helio Gurovitz, o ministro levou em conta dois fatores. “O primeiro é puramente jurídico. Pela Constituição, parlamentares só podem ser presos em flagrante. Por mais que as gravações comprovem a existência de um desejo de deter a Lava Jato, por si só elas não configuram flagrante. Não há nelas nenhum ato ou frase que mostre os acusados pondo tal desejo em prática”.
Um segundo fator seria político. “A necessidade de aprovação da prisão de Renan e Jucá pelo plenário do Senado. Era altamente improvável que isso ocorresse depois do vazamento do pedido de prisão. Aprová-lo serviria apenas para aumentar o desgaste entre o Parlamento e o STF. Teori preferiu, em vez disso, um recuo tático, muito provavelmente até que surjam provas mais robustas contra os acusados”, acredita Helio.
Caso de Eduardo Cunha
A situação do atual presidente da Câmara afastado Eduardo Cunha é diferente, pois as provas são muito mais consistentes. “Eram extratos de contas bancárias, vários depoimentos de delatores e testemunhas, relatórios da perícia em sistemas de segurança de prédios e estacionamentos e um sem-número de evidências que formavam, no conjunto, uma narrativa irrefutável de sua conduta criminosa”, destaca o colunista.
No entanto, uma eventual delação de Eduardo Cunha pode formar um processo mais robusto, e segundo o jornalista, “os próprios acusados têm ciência disso e, se começarem a tramar demais para deter as investigações, da próxima vez o STF poderá ser mais duro”.
“Uma eventual colaboração de Cunha com a Justiça, reunida às delações em curso dos empreiteiros Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro, poderá dar uma nova dimensão à Lava Jato. Além de empreiteiros e operadores, poderemos, enfim, começar a ver os políticos responsáveis pelo esquema na cadeia. É o mínimo que o Brasil exige do Judiciário”, finaliza Helio Gurovitz.
Fontes:Verdade Gospel e G1 e Veja.

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